segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Renúncia

É fato. Com o passar do tempo nós somos obrigados a renunciar a muitas coisas. Se por opção ou necessidade, estamos constantemente renunciando a costumes, estilos, vícios e comportamentos; e, na mão oposta, adquirimos novos costumes, comportamentos, estilos e até mesmo, novos vícios.

E isso é necessário? A resposta que descobri é: Sim. Obrigatoriamente, só por razões de saúde, condições físicas ou motivos sócio-econômicos. No entanto, há renúncias que fazemos de maneira espontânea, sem qualquer motivo aparente. Nesses casos, a renúncia acontece ao percebermos que determinadas coisas ou ações em nossas vidas já não fazem sentido algum. Se exemplificarmos com situações ordinárias, onde algumas pessoas renunciam aos seus relacionamento amorosos que já não fazem mais sentido, por exemplo, temos uma ideia do que seja a renúncia. Mais do que isso, começamos a pensar no significado dessa palavra. Com essa ideia em mente, vamos imaginar o que mais renunciamos em nossas vidas. Eu posso rapidamente lembrar de várias coisas que renunciei espontaneamente ao longo do tempo. Um exemplo? Simples, eu deixei de brincar com meus carrinhos de brinquedo. Outro? Não brinco mais de pique-esconde. Outro? Não empino pipas. Não aposto corridas pra ver quem chega primeiro na esquina. Não pego goiaba no pé. Não sacudo a pitangueira pra pegar pitanga no chão. Não jogo peão ou bolinha de gude. Não brinco de polícia-ladrão. Não toco campainha e saio correndo e nem pinto a parede do quarto da minha mãe com o batom preferido dela. Não faço mais nada disso. Hoje, embora tenha saudade, aos 38 anos, essas coisas já não fazem sentido.

A fase adulta nos traz muitas coisas novas, boas e nem tão boas assim... Nós assumimos outra postura, novas ideias, novas necessidades e adquirimos costumes, comportamentos e vícios. Sejam eles quais forem, um dia teremos de renunciar. Se por obrigação ou não, o tempo nos dirá. Lembro bem que renunciei ao convívio diário com meu filho por motivo da separação de uma união infeliz. Por conselho médico, renunciei ao cigarro. Por insegurança, renunciei à oportunidades de emprego. Mas, o que eu renunciei espontaneamente com o passar dos anos? Acho que posso citar a renúncia a vida sedentária, ao consumo de bebidas alcoólicas, à dependência de títulos, à viver em bando, às baladas de segunda à segunda,  e às corridas ao ouro. Espontaneamente, eu deixei algumas coisas pra trás simplesmente porque não vejo mais sentido nelas. Não afirmo que sou 100% independente mas que não preciso e vivo bem sem elas. É como se essas coisas fossem brincadeiras de criança e que eu, ao atingir um determinado nível de amadurecimento, vejo com muita naturalidade minha nova condição.

E o que ainda me falta renunciar? Bom.. a lista é grande. Entretanto, posso citar rapidamente a necessidade de renunciar ao egoísmo, à intolerância, impaciência, paixões e vícios, entre tantas coisas.

E qual a razão ou os motivos que tenho para trabalhar na renúncia dessas coisas? A resposta é bem simples: Evolução moral e intelectual. Saber renunciar ou trabalhar para abstenção de nossas más tendências é ponto-chave para galgar cada degrau da escala evolutiva como ser humano e Espírito. As instruções e os ensinamentos que buscamos e recebemos de nossos irmãos mais esclarecidos e abnegados são muito importantes na construção de um horizonte de fé e esperança frente as mazelas da vida. A renúncia às nossas más tendências e vicissitudes, por sua vez, é ferramenta indispensável para o entendimento e prática de tudo aquilo de bom que se aprende e que se deseja viver. Se não a colocarmos em prática, seguiremos como crianças brincando no mundo real. Se não houver caridade e renúncia às coisas que não fazem sentido, ainda seremos aqueles que brincam de polícia-ladrão, que apostam corridas entre si e que tocam campainhas e saem correndo.

Ricardo

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